Quando uma pessoa, com o objetivo de menosprezar a ciência econômica, ergue o dedo em riste e professa: “Economia não é Física”, geralmente o faz por pensar a Física como modelo de certeza científica.
No entanto, irônicamente, essa pessoa não percebe que as comparações entre a Física e a Economia se tornam tão mais comuns (e válidas) quanto mais se torna claro o fato de que, de uma perspectiva estritamente lógica e filosófica, a Física não é, nem de perto, um modelo de certeza científica.
Em outras palavras: a comparação entre Economia e Física é válida mais pelas inúmeras — e cada vez mais manifestas — incertezas inerentes à Física, do que por quaisquer certezas (de fato, inexistentes) da Economia.
Estabelecer uma comparação entre Economia e Física não significa erguer a Economia a um patamar científico mais elevado: significa conceder à Física o seu devido patamar científico/metodológico, livre de estereótipos incorretamente estabelecidos.
Posso conceber que, pragmaticamente, há diferenças fundamentais entre as duas ciências. Mas aqui falo em termos estritamente epistemológicos.